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HIPERADRENOCORTICISMO

O Hiperadrenocorticismo espontâneo ou também conhecido como Síndrome de Cushing é uma doença definida como um complexo de mudanças físicas e bioquímicas resultantes da cronicidade dos altos níveis de glicocorticóides presentes na circulação sanguínea. O HAC (Hiperadrenocorticismo) em cães pode ser pituitário dependente (PDH) ou adrenal dependente (AT), sendo o PDH a forma mais comum em cães, englobando 80% a 85% dos casos de HAC, é normalmente gerado pela hiperplasia de células corticotróficas ou secundária a processos neoplásicos, promovendo uma super estimulação da hipófise que secreta o hormônio ACTH estimulando a liberação de cortisol pelas adrenais. No AT o processo neoplásico atinge as adrenais, que por sua vez libera de forma autônoma o cortisol.

 

Mesmo sabendo que todos os cães são susceptíveis ao desenvolvimento do HAC espontâneo, existem certas raças com uma predisposição maior, normalmente associada a raças de pequeno a médio porte, especialmente Teckels e Poodles. Sendo que o Poodle sozinho é um representante de 40% dos cães afetados pela doença, em contrapartida, no hiperadrenocorticismo adrenal dependente ocorre mais freqüentemente em cães de grande porte como os Pastores e Labradores sendo que estudos mostram que em 50% dos casos descritos, os animais afetados pesavam mais de 20kg. Já em relação a distribuição sexual as fêmeas parecem estar mais predispostas.

 

O HAC é considerado uma doença geriátrica, onde a média etária dos cães afetados é de 7 a 9 anos, podendo ainda aparecer precocemente em alguns casos, sendo que na forma PDH surge geralmente a partir dos 2 anos de idade e no AT a idade é superior a 9 anos em mais de 90% dos cães.

 

A identificação desta doença é feita através do histórico do animal, sinais clínicos apresentados e de exames laboratoriais. Primeiramente se deve pensar nos diagnósticos diferenciais que devem incluir doenças como o diabetes mellitus, a acromegalia, o diabetes insípida, as afecções renais e hepáticas, o hipotireoidismo, os tumores testiculares ou ovarianos e a hipercalcemia. Os sinais clínicos gerais estão diretamente relacionados com o excesso de cortisol circulante e são eles o aumento da micção, o excesso de fome e sede, hepatomegalia, abdômen pendular, atrofia muscular, fraqueza muscular e ligamentar, dificuldade e mudanças no padrão respiratório, perda ou diminuição da pelagem corporal exceto em cabeça e membros, pele fina, perda da elasticidade cutânea, hiperpigmentação, seborréia, entre outros. Nas analises laboratoriais, o hemograma pode muitas vezes estar dentro dos valores de referência, mas geralmente é característico um hemograma de “stress”, onde a glicemia sérica está aumentada em cerca de 50% dos casos; e os níveis de ALT e FA geralmente estão elevados, o colesterol e o triglicérides também se apresentam aumentados em cerca de 90% dos casos, a proteinúria está presente em 50% dos casos, e a glicosúria em 10% dos casos.

 

O diagnóstico do HAC é feito através de dois testes de exploração funcional, com diferentes sensibilidades e especificidades, o teste de estimulação e o teste de supressão. Os laboratórios utilizam distintas técnicas na mensuração do cortisol e as mais utilizadas são a quimiluminescência e o radioimunoensaio.

 

O tratamento pode ser realizado por meio de medicamentos, por meios cirúrgicos e radioterapia, sendo que todos os tratamentos visam eliminar a hipersecreção de cortisol. O tratamento cirúrgico para PDH em cães é a hipofisectomia, este procedimento cirúrgico exibe bons resultados, já para AT o tratamento cirúrgico é a adrenalectomia bilateral, seguida de um longo tratamento para hipoadrenocorticismo, porém devido ao seu elevado custo e a falta de estabelecimentos especializados os tratamentos cirúrgicos perdem espaço para os tratamentos medicamentosos. O tratamento com radioterapia é indicado nos cães com macroadenomas de hipófise e conseqüentes sinais neurológicos. Os tratamentos medicamentosos são geralmente o tratamento de escolha e devem ser mantidos durante toda vida do animal, regularizando os altos níveis de glicocorticóides circulantes.

 

M.V. André Pregnolato Farhate.

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