Cão D’água Espanhol
O Cão de Água Espanhol é uma das raças mais antigas do território espanhol. É um grande nadador e um excelente mergulhador.
Origem
Existem várias teorias sobre as origens dessa raça desgrenhada. A mais difundida diz que os árabes, durante a invasão islâmica do ano de 711, trouxeram o Cão de Água Espanhol para a Península. Outros afirmam que a raça chegou à Espanha da Turquia no final do século XVIII, começo do XIX. Seja como for, esse cão acabou se adaptando perfeitamente às condições ambientais e de trabalho na Espanha. No norte, era usado para ajudar os pescadores e no sul, se empregava em tarefas de caça e pastoreio.
Comportamento
É um cão muito alegre, vivo, fiel e equilibrado. É inteligente, obediente e aprende com facilidade. Adora brincar, ser acariciado e poderia passar horas mergulhando e brincando no mar. Se dá especialmente bem com crianças.
Aspecto
De corpo robusto e peito largo, se caracteriza por seu pelo encaracolado e lanoso. Por baixo dessa capa está um cão atlético, rústico e com boa musculatura. Tem orelhas triangulares e caídas, uma cauda de tamanho médio que costuma ser amputada por volta da segunda ou quarta vértebra, mas somente nos poucos países onde esta prática ainda é permitida. Sua pele é flexível e fina.
Cuidados específicos
É um cão que se adapta muito bem a todas as situações, mas que se for viver em apartamento, precisa fazer exercícios diariamente. Devido ao seu pelo, costuma se sujar muito. É recomendável que depois de cada passeio que se examine bem a pelagem para ver se não tem nada pregado nela.
Saúde
Esse cão tem uma ótima saúde e apresenta pouquíssimos problemas característicos.
História do Cão D’água Espanhol
O Cão de Água Espanhol foi oficialmente apresentado na Espanha durante a celebração da 1ª Exposição Canina Nacional de São Pedro de Alcântara, em Málaga, em 24 de maio de 1981. Nesse dia, fora de concursos, foi apresentado um cachorro canela escuro, que era propriedade de uma família de holandeses, que estavam dedicados à grande criação e que se tornaram chave para o reconhecimento da raça.
Nesse momento, porém, os exemplares dessa raça se chamavam “Turco Andaluz”, nome que ainda hoje os maiores entendedores da raça definem como mais apropriado, pois se conecta diretamente com a que poderia ser sua verdadeira ascendência. Sua apresentação foi o resultado do esforço de um grupo de aficionados que realizaram um estudo das características étnicas do que então chamavam de “Cão Turco Andaluz”, que junto com alguns poucos artigos divulgados e apresentados posteriormente nas principais revistas caninas espanholas, contribuíram de grande forma para seu melhor conhecimento pela comunidade cinófila nacional e internacional.
Entre os responsáveis pelo Cão de Água Espanhol ocupar hoje um lugar preponderante entre os amantes de cães, deve se citar Antonio Garcia, que é na atualidade presidente da Associação Espanhola do Cão de Água Espanhol (AEPDAE). Ninguém questiona seu improvável trabalho pessoal, sendo conhecido carinhosamente como “Antonio de Ubrique”, seu lugar de origem e desde onde fez o mundo conhecer essa raça; ele foi peça chave em todo o trabalho de recuperação de exemplares, na concepção preliminar dos primeiros padrões oficiais da raça e preparou todo o trabalho de divulgação que tornou possível o seu reconhecimento oficial posteriormente.
Primeiramente temos que lembrar que a Espanha é um país onde tradicionalmente se pratica o pastoreio, uma atividade milenar levada a sério pelos distintos povos que povoaram seu solo. E para que essa atividade tivesse êxito e servisse como modelo de sub existência – dadas as condições climáticas particulares da Península -, se fez necessário que ocorressem migrações anuais, dos pastos de inverno para os de verão e vice-versa.
Todavia, manejar tantas cabeças de gado de um lado para o outro não era uma tarefa fácil, ainda mais porque era necessário lutar contra animais – lobos principalmente – que continuamente espreitavam e ameaçavam não só a vida dos animais, como também dos próprios pastores, e assim, o cão se tornou um protagonista ainda maior do que já era antes, quando a caça se tornou a primeira atividade de nossos antepassados.
Essa situação e essas necessidades deram lugar ao desenvolvimento de uma seleção cada vez mais cuidadosa e exigente, com base na funcionalidade e características próprias de cada lugar e cada vez mais especializada nos cães que deveriam colaborar com o homem nas distintas tarefas diárias.
Por um lado os enormes Mastinos se fizeram imprescindíveis, de grande tamanho e potência, ferozes, rústicos e temerários, capazes de enfrentarem lobos e as demais feras selvagens e, por outro lado, surgiram paulatinamente outros cães de tamanho menor que se fizeram igualmente imprescindíveis para a condução e movimento das ovelhas e de outros rebanhos.
É entre os últimos que participa o que hoje chamamos de Cão de Água Espanhol, junto com outras muitas raças como o Carea Castellano e tantos outros. Algumas delas já foram reconhecidas como raças pela RSCE ou a FCI, enquanto outras esperam obter esse reconhecimento definitivo. Essa única raça é a mostra mais forte e palpável da enorme variedade de cães de pastor que existem atualmente na Espanha, com tipos muito homogêneos e características físicas e psíquicas perfeitamente adaptadas ao meio onde colaboram.
A existência do Cão de Água Espanhol, que antes era chamado de Turco Andaluz, é muito antiga e procede, aparentemente, do mesmo tronco que o Barbet – cujo nome procede do francês “Barbe” (por sua barba longa) e que é por sua vez descendente do antigo Canis aquaticus o cão de água; um cão raríssimo hoje em dia, que se considera na cinologia como o pai de todos os Cães de Água Espanhóis e de muitas outras raças de cães de água.
É provável que os antepassados deles, os Turcos Andaluzes, sejam os antigos “Cães de água” espanhóis, existindo referências escritas deles que remontam ao século X, quando já se descreveram características concretas que tem muito a ver com as dos exemplares tal como são conhecidos hoje em dia, especialmente no que se refere às lãs, ao caráter e ao comportamento.
Outras hipóteses falam que esses cães podiam ter sido introduzidos na região da Andaluzia por barcos turcos (daí o primeiro nome do Turco Andaluz, que muitos sustentam que deveria ser preservado) que mediavam a exportação de ovelhas espanholas até a Austrália, entre o final do século XVIII e começo do XIX. Esta possibilidade não é nem um pouco menos aceitável, uma vez que até hoje nas costas da Turquia existam cães de características muito similares ao Cão de Água Espanhol e que continuam realizando sua tarefa de conduzir os rebanhos dos embarcadouros aos navios e vice-versa.
O próprio Dühel, criador alemão de prestígio, é partidário da origem asiática dele, segundo a qual eles teriam viajado acompanhando vândalos e outros povos bárbaros em suas sucessivas invasões pela Europa. Outros defendem a possibilidade de que esses cães sejam descendentes de cães eu acompanharam os muçulmanos durante seu domínio da Península.
Características do Cão D’água Espanhol
Diz a lenda, entre tantas outras coisas, que o próprio Napoleão se apaixonou por um dos ancestrais do Cão de Água Espanhol e levou um exemplar com ele quando voltou para a França. Sua vivacidade, tenacidade e empenho no trabalho de campo, guiando o gado com tamanha destreza, ao seu próprio tempo e sempre que podia, mergulhando até três metros de profundidade, chamaram especialmente sua atenção.
Seja como for, o certo é que indubitavelmente é um cão extraordinariamente atrativo, não só por sua enorme capacidade de trabalho e sua destreza no desempenho das tarefas que lhe cabem, mas também por essa vivacidade e personalidade únicas, que o tornam tão simpático aos olhos de quem convive com eles.
Se algo caracteriza o Cão de Água Espanhol é sua adaptabilidade aos distintos ambientes em que seus extraordinários dotes se desenvolvem; às vezes estará trabalhando em terras encharcadas e pouco depois nos mais áridos terrenos; logo desempenhará seu trabalho excelente com o gado pelos prados verdes e mais tarde nadará perseguindo patos ou mergulhará para apanhar peixes que escaparam das redes… E ele pode fazer tudo isso em um mesmo dia, se for o que pedir para ele.
Essa é a grande riqueza desse animal que vale por quatro, por cinco ou por quantos precisar. E é isso que os fez escalar tão rapidamente os postos, que levaram do mais absoluto anonimato a um lugar tão destacado dentro das preferências daqueles que, em todo o mundo, buscam um cão diferente e único.
Autor: Dr. Ricardo Tubaldini | Fonte: CachorroGato