Border Collie
Vista com freqüência em competições caninas, como as de Agility, a raça é extremamente bem sucedida nas mais diversas tarefas a que se propõe à realizar – sendo que, até mesmo nas competições de Agility há uma categoria especial para os cães da raça que, de tão inteligentes, competem separados das demais raças caninas.
Origem
Especula-se que a raça tenha sido introduzida no século V a.C., na Grã-Bretanha, pelas tribos celtas que viajaram pela Europa. As primeiras indicações conhecidas desta raça remontam ao século X, quando se tornou o principal rival do lobo. O Border Collie tem sido usado principalmente para ajudar os pastores a levarem as ovelhas a se reunirem e também para assistir os animais de avicultores.
Notada a alta capacidade dos cães da raça em cercar os rebanhos de ovelha e levarem-nos de volta aos seus pastores, foi realizada pela primeira vez, em 1873, uma competição para definir qual seria a melhor raça de cães pastores de ovelhas. Destacando-se na prova, um Border Collie chamado Hemp foi o grande responsável por dar origem à propagação da raça; já que, em função dos resultados da competição, esse cachorro gerou uma grande série de descendentes.
Entre os fatores que garantiram um destaque maior ao cozinho Hemp, estava a forma de lidar com as ovelhas do rebanho. Ao contrário da grande maioria das raças competidoras, o Border Collie não juntava ou trazia de volta os rebanhos por meio de latidos ou da agressividade – mas, sim, parando e posicionando-se em frente às ovelhas, fazendo o uso de sua própria figura e olhar para intimidar os animais e fazer com que lhe obedecessem.
Considerado o cão que deu origem à raça, o cachorro Hemp foi um dos que ajudou para que um padrão fosse estabelecido para a raça. No entanto, ao contrário dos padrões que são definidos para a grande maioria das raças, a aparência física do animal pouco era levada em consideração; já que, em 1906 (data em que essa primeira padronização foi estabelecida), o que era realmente levado em conta eram o comportamento e a habilidade do animal para o trabalho no pastoreio.
Nesta época, estes cães ainda não eram batizados como nos dias de hoje, sendo chamados de Sheepdogs (na tradução: cães pastores de ovelhas), passando a receber o nome de Border Collie apenas no ano de 1915 – fazendo uma referência à sua área de origem, que era creditada às áreas entre as fronteiras escocesa e inglesa, formando o nome (que, na tradução, significa algo próximo à Collie de Fronteira).
Comportamento
O Border Collie é um cão trabalhador, leal, vital e muito inteligente. A sua capacidade de aprendizagem é muito alta e ele é um cão muito submisso ao seu proprietário – sendo um animal reservado com estranhos e não muito dado a atividades de cão de guarda ou defesa de propriedades, por exemplo.
Além de ser bom em obedecer, o Border Collie é um cão que se sente satisfeito ao realizar uma ordem ou comando de seu dono, e os seus primeiros sinais de lealdade já podem ser notados logo após o desmame. Em função disso, é indicado que o treinamento destes cachorros seja iniciado ainda antes das demais raças, permitindo que a docilidade do cão ainda seja predominante durante a fase de adestramento.
Bem adaptado para a vida familiar, o Border Collie convive bem com seres humanos e também com outros animais domésticos, podendo viver tranquilamente em lares que já contam com a presença de pets como gatos e pássaros, entre outros. Considerado dono da raça mais inteligente do mundo, esse cachorro também costuma ser extremamente fiel, e o seu costume de ‘encarar’ outros animais pode fazer com que alguns deles se irritem consideravelmente.
Extremamente focado, este animal também costuma usar desta mesma técnica de ‘encarar’ para atingir os seus objetivos, sejam eles quais forem – desde perseguir uma bolinha até realizar uma tarefa ou um comando proposto por seu dono ou treinador. Embora tenha, na maioria das vezes, uma relação bastante calma e tranqüila com animais de outras espécies, o Border também conta com instintos de caça bastante aguçados e presentes, e costuma ser o líder quando convive entre outros cães.
Dono de um nível de energia bastante alto, o Border Collie precisa viver em espaços em que possa se mexer e praticar algum tipo de atividade física – já que, sem isso, tanto a sua saúde como o seu humor podem sofrer conseqüências indesejadas.
Aspecto
O Border Collie é um cão bem proporcional e harmonioso. Seu corpo é longo, atlético, e tem membros fortes e musculosos. Sua cabeça é grande e suas orelhas são médias e eretas. A cauda é moderadamente longa, de inserção baixa, com uma espiral para cima na direção da ponta. A pelagem é geralmente de comprimento médio, as cores mais comuns são preto, branco e preto ou branco e castanho. Há, também, variedades de cães da raça Border Collie com pelo curto.
Cuidados específicos
É necessário que o Border Collie possa fazer pelo menos uma hora de exercícios e exige a participação e atenção de seu dono, que precisa ficar com ele e também participar ativamente de seus jogos (como o frisbee ou uma bola). Se ignorarmos este cão, ele fatalmente se aborrecerá e pode começar a mastigar, até furar os objetos que têm ao seu alcance. Os filhotes também são muito ativos, precisam de atenção constante e muita paciência.
Portanto, morar em uma casa ou apartamento grande e que tenha acesso à espaços abertos já é meio caminho andado para manter um cão desta raça com saúde – pois, seu nível de energia é muito alto e ele precisa de locais onde possa gastar sua energia.
Saúde
O Border Collie é um cão robusto e muito saudável, praticamente livre de problemas hereditários, embora seja comum em machos problemas de osteocondrite dissecante, e anormalidade na cartilagem. Além da vacinação e da vermifugação (procedimentos que devem ser realizados em todas as raças caninas), pode ser uma boa idéia a realização de exames periódicos na área dos quadris e dos olhos do animal, já que o Border Collie possui uma certa tendência a desenvolver problemas nestas áreas específicas ao longo da sua vida.
Com uma expectativa de vida que gira em torno dos 14 anos, o Border Collie tem uma tolerância bastante alta à dor – e que pode acabar fazendo com que algumas doenças sejam mascaradas, pedindo a atenção dos donos para qualquer tipo de acidente; já que, mesmo parecendo bem, o cão pode estar escondendo alguma fratura.
História do Border Collie
Na história do Border Collie, o propósito e o coração do animal convergem para um aspecto totalmente utilitário, ou seja, para o trabalho. A maioria dos autores indica o “Tratado de Cães Ingleses”, escrito por John Caius em 1570, como a primeira referência escrita dedicada ao cão pastor:
Embora atualmente a aparência descrita do cão, assim como o seu desempenho, sejam muito bons, a essência do seu desempenho não mudou durante centenas de anos. As habilidades da raça foram refinadas e aperfeiçoadas porque eles foram criados seletivamente.
De qualquer forma, o olhar, embora nunca tenha sido uma preocupação real para os criadores e proprietários da raça, pouco mudou desde 1790, ano em que uma xilogravura que aparece na História da quadrúpedes Bewick mostrou um cão pastor com grande semelhança ao Border Collie atual.
Embora a origem exata e o significado do nome ainda sejam desconhecidos, alguns dizem que vem da palavra Coley, ou seja, “preto”, outros dizem que vem da palavra Welsh Coelius , que significa “fiéis”, enquanto outros afirmam que o nome vem do “colley” que se refere a um tipo de ovelhas na Escócia. O nome “Fronteira” (Border) é mais recorrente, e descreve a área onde, especialmente, estes cães foram utilizados: ou seja, nas fronteiras de Gales e da Escócia com a Inglaterra.
Os Collies foram divididos em cinco raças distintas: a Rough Collie, os Collies, o Pastor de Shetland, o Bearded Collie e Border Collie. A popularidade dessas raças no passatempo do público em geral começou com a rainha Vitória, que tinha vários exemplares. Um retrato em 1860, com a imagem de um de seus cães, Gypsie, um animal que mostra semelhança principalmente com um Border Collie de raça pura.
Em 1951, foi feito pela primeira vez um livro de origens da família, contendo uma lista com mais de 14.000 cães registrados. Desde então, o Livro de Origens tem crescido a uma taxa de mais de 6.000 novos registros por ano. As inscrições normais mostram a influência de linhagens criadas por JM Wilson, o criador e apresentador do Collie mais famoso de todos os tempos. Sua Whitehope foi a base de muitos pedigrees atuais.
No entanto, conforme descrito anteriormente (na página que apresenta a ficha da raça), foi um cão de nome Hemp quem deu origem à uma série de exemplares Border Collie como os conhecemos hoje – depois de participar de uma competição que tinha o objetivo de encontrar a melhor raça canina para o pastoreio de ovelhas.
Destacando-se pela sua habilidade e pelo seu comportamento diferenciado na forma de reunir e trazer de volta ao pastor as ovelhas soltas, o cãozinho Hemp impunha-se na frente dos animais e reunia-os somente com o olhar e a presença – evitando os latidos e mordidas freqüentes que as demais raças precisavam usar para poder cumprir o mesmo tipo de trabalho.
Com isso, este cão em especial acabou sendo usado para a reprodução e deu origem a muitos filhotinhos da raça – que, na época, ainda era chamada de Sheepdog (ou seja, cão pastor de ovelhas). No ano de 1906 a primeira padronização do Border Collie foi estabelecida, sem levar em conta as características físicas do animal e dando prioridade ao seu comportamento e capacidade de pastoreio.
Chegando no continente americano nesta mesma época (por volta do ano de 1915), o Border Collie passou a ser admirado, também, pela sua beleza; e muitos amantes destes cães passaram a defender o reconhecimento da raça pelo American Kennel Club (AKC). No ano de 1995, os Border Collies foram, finalmente, integrados à lista de cães de exposição da AKC, ganhando destaque até hoje em provas do tipo, além das que envolvem atividades esportivas para cães.
Peludo e extremamente ativo, o cachorro da raça necessita de escovações freqüentes na sua pelagem e de espaço suficiente para que possa gastar energia e praticar atividades físicas – já que, sem esse tipo de exercício e cuidado, o animal pode sofrer conseqüências que afetem a sua saúde. Raramente agressivo, o Border Collie é um cão fiel, leal e perfeito para famílias grandes e com integrantes do mais diversos; já que a raça se dá bem com todo tipo de pessoa e até com animais de outras espécies – não sendo difícil condicioná-lo a conviver com pets como gatos e pássaros, por exemplo.
Características do Border Collie
O caráter do Border Collie, como afirma em sua descrição, é completamente relacionado com a ocupação oferecida ao cão, fato que é de particular relevância para o proprietário do Border Collie de trabalho, que desenvolveu muito e evidencia esses instintos. O Border Collie não deve simplesmente perseguir as ovelhas, mas deve também ser capaz de cercá-las e encaminhá-las. O cão não se move em linha reta, mas corre e pode tomar longos desvios para cercar e reunir o rebanho.
O cão que não tem coragem instintiva ou a capacidade de cercar o gado fica mais próximo das ovelhas e promove simplesmente o susto sem agrupamento. Os cães que tem a capacidade de executar o cerco em torno das ovelhas sabem exatamente como manter a distância adequada entre si e o rebanho.
O olhar é uma das qualidades inigualáveis do Border Collie e certamente o recurso mais interessante da raça. É um olhar hipnotizante, que o cão direciona para as ovelhas, levando-as a ficar no lugar. Esse mesmo olhar costuma ser dirigido para outros animais e também outros cães, que costumam se sentir incomodados e um tanto irritados com esse comportamento.
O poder do Border Collie é a capacidade de dominar e impor sua autoridade sobre as ovelhas sem promover latidos agressivos ou atos violentos como morder. Um Border Collie com poder mantém o controle com absoluta autoridade sobre o seu rebanho, sem assustar ou aterrorizar as ovelhas. Essa característica nata destes cães foi a primeira que realmente se sobressaiu sobre as demais raças no fim do século XVIII, época em que os cachorros utilizados para o trabalho de pastoreio costumavam latir muitos e morder as ovelhas durante os trabahos.
A inteligência do Border Collie não pode ser comparada com a do ser humano. Está tão intimamente ligada ao instinto de trabalho e ao grande desejo de agradar, que não pode ser descrita em um contexto diferente. No cão de trabalho, não exatamente a inteligência, mas sim o tipo inatamente inventivo de corrigir e agir diante de qualquer decisão que envolva a tarefa para a qual ele foi criado. É maravilhosamente claro, embora seja humanamente confuso, por causa da sua fixação sobre uma hierarquia funcional e prática.
O Border Collie, em casos muito específicos, pode ser um animal bastante difícil de treinar. Por serem muito sensíveis, precisam estar em absoluta sintonia com o seu mestre, o resto das pessoas podem não ser capazes de obter a sua atenção ou obediência. Cães da raça que serão utilizados como animais de estimação devem ser socializados desde filhotes e ser manipulados por todos os membros da família para evitar este problema.
Com relação ao equilíbrio do cão, devemos especialmente ressaltar a importância da relação entre exercício, saúde mental e saúde física deste cão. Não pense que uma caminhada diária com ele na coleira irá proporcionar exercício suficiente para o Border Collie. O ideal seria encontrar uma área aberta e segura (como um quintal bem cercado), em que o seu cão possa correr livremente por um tempo.
Portanto, se o seu lar for um apartamento, é bem possível que um cão desta raça específica não se adapte bem, sofrendo por não ter espaço suficiente para praticar suas atividades. O mais indicado é que os cães Border Collie tenham uma área grande para brincar, e isso pode tanto ser provido à ele por meio da moradia em uma casa de quintal grande ou por passeios em regiões abertas – já que, conforme explicado anteriormente, pequenos passeios com o cão preso a coleira não são o bastante para que ele gaste toda a energia que precisa.
Extremamente ativos e inteligentes, os cães Border Collie já têm, hoje, uma categoria separada para a sua raça específica dentro das competições do esporte canino chamado de Agility – já que, os Border são considerados tão espertos, que não seria justo colocá-los para competir ao lado de outras raças.
Excluída a possibilidade de que o cão não consiga gastar toda a energia que precisa, o Border Collie é um animal absolutamente fiel e dedicado aos seus donos – demonstrando claramente o seu sentimento de prazer em realizar tarefas e comandos específicos quando ordenados por seu proprietário. Focado, o cachorro desta raça costuma se entregar por completo ao que lhe é proposto; sendo, ainda, muito desconfiado em relação a desconhecidos e bastante protetor e ciumento com seus donos mais próximos.
Qualquer coisa que não cumpra as suas necessidades pode levá-lo a ser um animal neurótico e infeliz. Com relação ao alojamento, se for longe da casa, não se surpreenda se o seu Border Collie de estimação passar mais tempo no telhado de sua casa do que dentro dela. Se o cão se sentir entediado e frustrado em seus instintos de pastoreio, pode vir a apresentar comportamentos muito perigosos.
Originalmente chamado de Sheepdog (na tradução: cão pastor de ovelhas), o Border Collie passou a ter seu nome atual em meados de 1900, sendo batizado desta forma em função do seu local de origem – próximo às fronteiras escocesa e inglesa. Reconhecida como cão de exposição em 1995 pela American Kennel Club, a raça é, hoje, uma das mais conhecidas e queridas pelos amantes de cachorros em todo o mundo.
Autor: Dr. Ricardo Tubaldini | Fonte: CachorroGato