Bull Terrier
Na atualidade o Bull Terrier é um animal familiar, que se caracteriza por ser um companheiro de brincadeiras divertido para os pequenos, apesar de nem sempre ter sido assim. Esse cão de cabeça em forma de ovo foi, em um passado não tão distante, utilizado na África como cão policial e como cão de caça, por ser resistente ao clima tropical.
Resultado do cruzamento entre o Bulldog e o Terrier Inglês Branco, o Bull Terrier surgiu, em suas primeiras ninhadas, de maneira muito robusta e com cães diferentes entre si; sendo, mais tarde, cruzado com cachorros da raça Dálmata até se tornar como é hoje. Usada como adversário de touros em lutas públicas na Inglaterra de tempos passados, a raça é extremamente forte e ágil – sendo, ainda, muito obediente aos seus donos e bastante inteligente.
Origem
Desde a Idade Média os ancestrais do Bull Terrier eram utilizados em lutas de cães contra touros. No século XIX virou moda que os cães lutassem entre si e contra todo tipo de animal selvagem ou doméstico (texugos, ursos, burros, cavalos, macacos e até leões). Com isso em vista, fica claro que o surgimento da raça foi ocasionado pela busca dos europeus pelo cão de luta perfeito – que juntasse uma série de características físicas como força, agilidade, coragem e poder de mordida.
Nessa busca, outra raça bastante popular e frequentemente confundida com o Bull Terrier também foi criada: a Pit Bull – que chegou como resultado do encontro entre cães das primeiras ninhadas de Bull Terrier com cachorros de outras raças diversas.
Embora toda a história da criação dos Bull Terrier seja intimamente ligada às lutas entre animais que eram realizadas na Europa (mais especificamente, na Inglaterra) durante o século XIX, há estudiosos que acreditam que a origem desta raça não teve a invenção do cão de luta ideal como propósito – afirmando que o novo estilo foi crido, na realidade, para servir como um cachorro de exposição; aproveitando sua aparência atípica para ganhar destaque em competições do gênero.
Voltando à versão mais conectada com as lutas europeias, os cães que eram usados nessas brigas descendiam de cruzamentos entre Bulldogs e diferentes Terriers. Em 1835 os combates foram proibidos, apesar de terem continuado acontecendo ilegalmente com certa frequência. Nessa época, a raça já começava a se diferenciar em função do cruzamento com raças como Dálmata, dando origem ao cão que, em 1862, seria finalmente conhecido como Bull Terrier.
Esta foi a primeira vez que um Bull Terrier completamente branco foi gerado, tornando a raça extremamente popular pela sua aparência inigualável. A partir disso, estes cães passaram a ser cada vez mais requisitados pelos cavalheiros da época – que buscavam um cachorro de companhia com aspecto másculo e que pudesse ser tido como um símbolo de força em combate.
Ganhando o apelido de “Cavaleiro Branco”, os Bull Terriers se tornaram donos de uma grande fama como defensores excepcionais – no entanto, sem ser o tipo de cão que provoca brigas ou age com violência em qualquer tipo de situação onde não haja uma grande ameaça.
Comportamento
É disciplinado, ainda que às vezes seja teimoso e desobediente. É silencioso, doce e agradável. Tem um instinto territorial forte e cumpre bem o papel de cão de guarda. É considerado um cão equilibrado e que ama crianças. Embora possa ser extremamente agressivo quando em situações de ameaça, o cão desta raça pode ser facilmente adestrado e costuma obedecer fielmente aos seus donos – sendo, ainda, dotado de muita esperteza, e colocado na posição de número 66 da lista das raças de cachorros mais inteligentes do mundo.
Embora possa ser bastante dócil e protetor com sua família, a sua natureza de luta requer bastante atenção, e os cães da raça devem ser adestrados desde pequenos – pois, boa parte do comportamento e do temperamento adquirido pelo animal é proveniente do tratamento que ele recebe em casa e do nível de adestramento que ele tem.
Aspecto
É um cão forte, musculoso e bem proporcional. É caracterizado por sua cabeça longa e fina, de formato oval. Tem orelhas pequenas, finas e erguidas. A cauda é curta e fica horizontal. Seu pelo é curto, liso, reto, áspero e brilhante, e pode ser branco, manchado ou tigrado.
Seu porte pode ser considerado médio, embora alguns exemplares tenham um tamanho ainda mais reduzido; sendo que os machos da raça (que pesam até cerca de 30 quilos) podem ser um pouco mais pesados do que as fêmeas – embora o tamanho dos dois varie entre os mesmos dígitos (de 53 a 55 centímetros).
Cuidados específicos
É conveniente educá-lo desde filhote e ser firme diante de qualquer demonstração de agressividade para conseguir um bom comportamento no futuro. Eles não necessitam de nenhum exercício excessivo, mas levá-lo para caminhar todos os dias ajuda a mantê-lo contente.
Embora não seja necessário que o Bull Terrier se exercite até a exaustão, é fundamental que ele tenha atividades físicas e mentais com bastante frequência; caso contrário, ele pode ter o impulso de exercitar sua poderosíssima mandíbula dentro de casa, e esse tipo de situação pode causar acidentes violentos.
A corrida pode ser uma boa válvula de escape para os cachorros desta raça, mas deixá-lo completamente solto não é indicado – portanto, o ideal é que o Bull Terrier possa conviver em um lar om um quintal grande, por exemplo; onde possa gastar suas energias e, ao mesmo tempo, estar dentro de um local seguro.
Os cuidados com a pelagem da raça são mínimos, já que seus pelos são bastante curtos – e banhos quinzenais já são o suficiente para que a raça permaneça limpa e higienizada.
Saúde
Gozam de uma boa saúde, no entanto, a surdez é um dos problemas que mais afeta a raça – principalmente nos exemplares brancos. O cão da raça Bull Terrier também pode sofrer com hérnias, anomalias na cauda, acne ou acrodermatite – que consiste em uma doença grave e congênita, que se manifesta nos cães ainda filhotes e causa o ressecamento da pele do corpo do animal, provocando pelagem quebradiça, coxins com rachaduras e lesões em diferentes áreas do corpo, incluindo focinho e orelhas.
História do Bull Terrier
A razão da criação do Bull Terrier no século XIX não é totalmente congruente com o Bull Terrieratual. O Bull Terrier está baseado em cães tipo Bull e Terrier, que eram criados como cães de caça e luta; esportes que foram abolidos na Grã Bretanha durante o século XIX. A sua origem pode ser diretamente direcionada a um homem chamado James Hinks, de Birmingham (Inglaterra), quem, depois de vários anos de experiências, apresentou a raça na década de 1850.
O Bull Terrier é baseado, largamente, no atualmente extinto English White Terrier. Hinks passou anos o cruzando com cães Bull e Terrier, tentando criar um Bulldog que não estivesse adaptado apenas aos ringues de luta, mas também que tivesse um aspecto mais harmonioso. Usando os cruzamentos para tirar traços pouco desejáveis como o dorso côncavo, as extremidades posteriores excessivamente anguladas e o prognatismo, e conferindo-lhe um pouco de tamanho e força, possivelmente através de cruzamentos com o Perdigueiro de Burgos (Pointer Espanhol), obteve-se um lutador belo e imponente, apto para passear ao lado de um cavalheiro.
Se era dito que o Bull Terrier era belo demais para os ringues de luta, esse mito foi rapidamente abandonado. O espírito briguento e lutador até a morte do Bull Terrier o tornou um lutador implacável nos ringues e frequentemente ganhava de cães com o dobro de seu tamanho. A lenda diz que Hinks colocou sua cadela “Puss of Brum”, que pesava 18 kg, contra um cão de 27 kg, cruzamento de Bull e Terrier, de Mr. Tupper. Puss não só venceu como foi levada por Hinks para participar de uma exposição canina de beleza no mesmo dia, ganhando uma roseta.
O Bull Terrier também era bom caçando ratos, outro esporte sangrento bastante popular na Inglaterra. Eles ostentavam os recordes informais de maior número de ratos mortos em minutos, horas e outros períodos de tempo. Embora Hinks estivesse bastante orgulhoso do êxito de sua criação nos ringues e matadouros, ele estava mais interessado em vencer nos concursos de beleza, que estavam começando a rivalizar em popularidade com as brigas de cães na Grã Bretanha.
Em 1860, os aficionados por cães e os juízes das exposições caninas mostraram parcialidade a favor dos Bull Terrier completamente brancos. Como resultado disso, Hinks se propôs a criar uma raça que fosse totalmente branca. Mediante a eliminação dos cachorros com manchas e tigrados, juntando machos e fêmeas brancas e introduzindo, possivelmente, genética Dálmata, Hinks conseguiu Bull Terrier completamente branco. De qualquer forma até hoje continuam existindo os dois tipos, brancos e coloridos. Virou moda em toda Inglaterra que os homens de classes abastadas levassem um Bull Terrier ao seu lado.
Esta raça, que é valente, forte, leal, educada e amistosa, foi uma adição cheia de estilo à comitiva desses senhores e esse tipo de cão começou a ser conhecido como Cavalheiro Branco. A aceitação do Bull Terrier pelas classes altas e seu êxito em concursos caninos foram uma bênção, já que a raça foi ficando mais conhecida como um cão para estar com pessoas do que cão de briga, o que resultou no Bull Terrier pacífico, belo e companheiro de hoje em dia.
Entretanto, a primeira aparição da raça que, mais tarde, seria cruzada com a raça Dálmata para se tornar o Bull Terrier que conhecemos nos dias de hoje foi ocasionada em maio à busca pelo cão de luta perfeito. Conforme citado anteriormente, as lutas entre animais (fosse entre cães ou entre cachorros e touros, entre outros bichos) eram extremamente populares na Inglaterra antiga – chegando a ser realizadas ilegalmente no país por um bom tempo, mesmo após a sua proibição.
Para que fique mais clara a origem desta raça (que, no fim das contas, pode ser considerada a mutação das misturas entre Bulldogs, English White Terriers e Dálmatas) é necessário saber que os antigos Bulldogs que lhe deram origem são descendentes dos cães molossos – frequentemente usados para enfrentar animais de grande porte das mais variadas espécies.
Desenvolvidos a partir de raças de animais que tivessem a ferocidade, a força e a agressividade entre suas principais características, os Bulldogs antigos foram criados como verdadeiros lutadores – e foi, justamente, por este motivo que esta foi uma das raças usadas para tentar dar origem ao cão de luta ideal, que acabou se tornando o Bull Terrier após uma outra série de misturas.
As demais mutações, que fizeram da raça Bull Terrier o que é hoje, começaram a ser realizadas a partir de 1835 – ano em que as brigas públicas entre cães e com outros animais foram proibidas na Grã Bretanha. Antes que James Hinks começasse a fazer seus experimentos cruzando a primeira linhagem da raça, no entanto, muitos outros nomes de cães foram testado pelos mais diversos criadores (ainda em busca de uma raça de luta ideal).
Greyhounds e Pointers foram algumas das raças utilizadas nestes testes, que também davam grande prioridade aos cachorros Terrier – conhecidos por características que incluem tanto força como agressividade. De acordo com as informações já citadas anteriormente, foi a partir de 1850 que o lorde Hinks passou a fazer experimentos com a raça, misturando-a com exemplares do Pointer Espanhol, dos Dálmatas e de Terriers locais; até apresentar, em 1862, o exemplar definitivo do Bull Terrier, considerado oficialmente como uma raça de exposição.
Características do Bull Terrier
O Bull Terrier certamente não é um cão para todo mundo, mas aqueles que aceitam relutantemente os inconvenientes do Bull Terrier se verão recompensados pelos traços positivos dessa raça. A personalidade é, sem dúvida, o traço mais característico desses cães únicos. A devoção total e lealdade com sua família estão unidos à sua simpatia e curiosidade, tornando-o um amigo para toda a vida. O Bull Terrrier nos entretém enquanto investiga seu novo entorno com o enorme entusiasmo de uma criança e uma atenção tenaz digna de um detetive da Scotland Yard.
Quando o apresenta um objeto qualquer (pode ser um bichinho de pelúcia, uma bola de tênis, o que for), o Bull Terier vai inspecionar, satisfazer seus desejos, brincará com ele e, finalmente, começar a comer e destruir. Isso seria um grande entretenimento durante uma tarde de domingo ociosa. Sem objetos para brincar, ele é com certeza criativo suficiente para se manter ocupado (os donos aprendem logo que é muito melhor dar os brinquedos adequados para eles do que perderem objetos valiosos). Desse jeito, o desejo de se manter ocupado é um traço típico bastante comum em todos os cachorros, mas é uma característica vital desses em especial.
Conforme citado na primeira página do guia que descreve a raça, incentivar s exercícios físicos e mentais dos cães Bull Terrier é fundamental para que haja equilíbrio e harmonia entre o animal e as pessoas à sua volta – já que, embora as muitas mutações ocorridas com a raça desde o seu surgimento tenham o tornado mais dócil, afetivo e calmo; sua origem continua sendo a de um cão de luta e, por isso, ele precisa gastar energia de maneira constante, liberando a força contida que pode lhe tornar extremamente agressivo quando de frente com uma alguma ameaça.
Dito isso, fica claro que apartamentos não são o lugar ideal para se criar um Bull Terrier, já que ele necessita de espaço suficiente para poder correr e brincar para se distrair. Obviamente, existem pessoas que têm pets como o Bull Terrier em espaços mais compactos, no entanto, isso exige muito mais trabalho por parte dos proprietários, que devem sempre estimular as brincadeiras e a inteligência do animal (que já é bastante grande, considerando que a raça é a 66ª colocada no ranking que aponta os cães mais inteligentes do mundo).
Seu cão encontrará algo para fazer e, se você estiver presente, seu trabalho será te fazer rir. Um pouco exibicionista, não se surpreenda se vir seu Bull Terrier correndo para frente e para trás pelo cômodo, saltando e atacando objetos inanimados só para chamar sua atenção e mostrar como é atlético. Se participar das brincadeiras, não vai se desapontar.
Pegue uma bola e veja como ele a persegue com toda a força, saltando e correndo sem se importar com o que estiver em seu caminho, com uma velocidade que vai impressioná-lo e deixá-lo encantado. Se já ouviu o dito popular “atravessaria um muro de tijolos por você”, certamente foi dito por um dono de Bull Terrier, já que esses cães parecem desfrutar se jogar, com a cabeça na frente, contra objetos sólidos. Dessa forma não é infrequente que eles corram pela casa batendo a cabeça nos móveis e paredes, demonstrando que querem brincar com você. Como se assustará com essa conduta, vai ser difícil ficar indiferente a ele: logo estará rindo e, finalmente, brincando com ele.
Se essas habilidades atléticas não chamarem sua atenção, é melhor que tampe os ouvidos. Acredite ou não, o seu Bull Terrier te chamará. Não que eles possam recitar Shakespeare para você, mas eles se queixarão, resmungarão e irão balbuciar para te entreter. Sem confundir isso com grunhidos (que ele emitirá quando for necessário), seu Bull Terrrier tentará conversar. Assim que conseguir algum tipo de reação, utilizará seu aparente ilimitado vocabulário de forma regular.
Esse traço pode parecer estranho ou até como uma doença para algumas pessoas, mas os donos se divertem com isso. Existe um fenômeno que alguns proprietários chamam “entrar em transe”, “caminhar como fantasma”. Trata-se de um extraordinário exercício quando seu Bull Terrier está fora de casa e encontra um arbusto ou um pedaço de relva alta e decide se abrigar. O cão caminhará lentamente para baixo do arbusto e em seguida ficará completamente quieto.
Olhando mais de perto poderá ver o cão com um olhar enevoado, como se estivesse em transe, à medida que o vento sopra suavemente sobre os arbustos e lhe acaricia as costas. Em seguida, sem nenhuma razão aparente, o cão sairá dali, saltará se arrumando de seu esconderijo e continuará passeando. Alguns donos já viram isso acontecer dentro de casa também, quando colocam a árvore de natal e ainda não foi encontrada nenhuma explicação lógica para esse comportamento.
Conforme sempre ressaltamos, o nível de agressividade e de carinho de um animal está amplamente conectado com o tipo de criação e atenção que ele recebe por parte da sua família e; portanto, o Bull Terrier que receber bastante amor e prender comandos de adestramento e obediência desde filhote, dificilmente será um cachorro violento.
E esse tipo de atividade amorosa e de comando deve ser sempre estimulado, já que a força da mandíbula (e, consequentemente, da mordida) de um cão da raça pode ser absurdamente alta – comparada, inclusive, com a dos Pit Bulls – fazendo com que os acidentes com um cachorro Bull Terrier sejam muito piores do que os ocorridos com a grande maioria das demais raças conhecidas.
Embora seja, no geral, uma raça canina bastante saudável, o Bull Terrier tem certa facilidade para desenvolver problemas como o da surdez (especialmente nos casos em que o cão tem a pelagem completamente branca). Complicações relacionadas a hérnias e à pele também podem ocorrer nos cães da raça, que podem ser afetados por problemas de acne e até acrodermatite – uma grave doença que atinge os cães ainda filhotes e provoca desde a pelagem quebradiça até o ressecamento dos coxins e lesões nas mais diversas regiões do corpo do animal.
Autor: Dr. Ricardo Tubaldini | Fonte: CachorroGato